Os borrados de medo – Tiago Tribolet de Abreu

Vejo-os à minha volta. Todos os dias. A toda a hora. Em qualquer sítio.

Borrados de medo.

São aqueles que ajustam a máscara quando passam por mim na rua. São os seguranças que me perseguem no supermercado e me mandam repetidamente pôr o nariz para dentro da máscara. São os que desinfectam as mãos à entrada de cada loja, e os que me mandam fazê-lo quando não o faço. São os que evitam reunir-se com quem sempre se reuniram. São os que seguem os números e as notícias sem fazerem crítica nem pensarem pela própria cabeça. E são também aqueles que fornecem os números e as notícias. São os que fazem as regras e as impõem sem permissão de escolha. São os que mandam e os que obedecem.

Borrados de medo, uns e outros.

Os borrados de medo podem ser qualquer um. Aparecem nos locais mais insuspeitos e surpreendentes. Mas também surgem onde sempre soubemos que a cobardia era omnipresente.

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